Casal de nômades digitais compartilham dicas úteis para sua próxima viagem
Carol Soares e Franklin Costa vivem como nômades digitais há quatro anos e trabalham como designers de experiências para marcas e festivais de música
Carol Soares e Franklin Costa vivem como nômades digitais há quatro anos e trabalham como designers de experiências para marcas e festivais de música. O casal já se hospedou em mais de 180 Airbnb 's nas Américas, Europa e Ásia e nessa entrevista, a Carol compartilhou algumas dicas e vivências para ajudar na sua próxima viagem.
TSA - O que os motivou a colocar o pé na estrada?
CS - A gente resolveu sair de casa e vendemos nossas coisas em 2017, bem antes da pandemia. A motivação principal foi que começamos a nos questionar se fazia sentido, se realmente precisávamos estar num lugar físico para trabalhar e viver da forma que a gente queria. É óbvio que tem muitas pessoas que precisam estar fisicamente nos lugares, mas no nosso caso era diferente, a gente já trabalhava junto em esquema home office, então foi muito esse questionamento, de estarmos repetindo um padrão que nos foi ensinado, que temos de trabalhar em um determinado horário em um determinado lugar, mas hoje percebemos que nossa vida e o nosso trabalho não necessariamente necessita disso. Entendemos que tínhamos o privilégio de testar outras possibilidades, e a gente vivia da forma como se tivéssemos obrigação de estar nos locais. Foi muito uma forma de aprovação e um exercício: será que se tivermos o tempo todo nessa zona de desconforto da mudança, do desafio de estar cada dia em um lugar diferente, será que isso do ponto de vista para o nosso trabalho, que trabalhamos com criatividade e inovação, não seria algo importante? Como que a gente aplica para nossa vida, trabalho e dia a dia, o que a gente está tentando vender para os nossos clientes, que é inovação, novas ideias e formas de fazer as coisas? É uma conexão de provocar e experimentar outras coisas e buscar esse lugar de desconforto, que para nós é um lugar de criatividade muito importante.
TSA- Poderiam nos dar um panorama das travel bubbles e isolationist travel? Essas tendências surgiram por conta da pandemia?
CS - Sobre os Travel Bubbles eu prefiro não falar. 1º porque a gente escolheu não viajar para fora do Brasil neste momento por conta da situação, 2º porque viajar pra gente não é turismo, não é diversão e sim um exercício diário de balancear a rotina de trabalho e estar em um lugar que você quer conhecer e fazer coisas ali. É o tempo todo vivendo nesse dilema. E estar nessa rotina pode ser bem estressante em alguns momentos, porque você precisa ter uma planilha muito bem alinhada, com logística certeira, tem de estar muito seguro das coisas para que tudo possa acontecer, e estar fora do Brasil, independentemente da pandemia, implica inúmeras responsabilidades e alguns riscos.
Você está fora do seu país, a gente não tem cidadania estrangeira, e uma das razões que nos fez voltar rapidamente para o Brasil foi porque os seguros viagens naquele momento não estavam cobrindo despesas relacionadas ao coronavírus; então acende um alerta de responsabilidade que pra gente é muito importante. Preferimos então não viajar nesse momento por conta dos riscos, e também porque estamos com a cabeça desbalanceada, e nós resolvemos focar 100% no nosso trabalho. A estratégia foi fazer viagens de isolamento dentro do Brasil. A gente fez poucas viagens nesse período, sendo que viajar é a nossa rotina. Não fazia muito sentido ficarmos em um apartamento em São Paulo, por exemplo. E aos poucos fomos testando esse modelo de viagem. E o que mudou é que hoje estamos totalmente focados em viagem de isolamento, por isso procuramos lugares mais afastados do centros comerciais, escolhemos cidades mais tranquilas, ficamos muito mais em casa, o que mudou muito nosso hábito, Mudou também que ficamos muito mais tempo nos lugares. Nesse momento viemos para ficar três meses em Florianópolis, mas por conta do quadro atual da pandemia, vamos estender por mais um tempo. Muda também a lógica de deslocamento, passamos a viajar mais de carro, precisamos alugar um carro e estamos buscando destinos rurais, como serra, cabanas mais isoladas etc.
TSA - Quais as principais vantagens, na opinião de vocês, de escolher um imóvel de aluguel ao invés de outras formas de hospedagem?
CS - Sou extremamente suspeita para falar sobre isso porque eu raramente fico em hotéis. Porque quem é nômade tem um mindset diferente de quem viaja a turismo. E como a gente não tem casa, o que buscamos é exatamente o contrário do que as pessoas que estão de férias estão buscando – que é o escapismo daquela realidade; como conforto, mordomia, algo diferente do que já vivem em casa com a rotina, então o hotel é esse lugar que simbolicamente representa tudo isso pra elas. Nós buscamos conexão, como a gente não tem casa, procuro esse lugar de conforto nas casas que ficamos no AirBnb, como a questão da rotina daquela cidade, de estar em um bairro mais afastado, de poder fazer a própria refeição. E esse perfil vai muito da pessoa – tem gente que não precisa ter a cama arrumada todo dia de manhã durante uma viagem. O que eu vejo de vantagem de maneira geral de se hospedar em casas é não ter contato com outras pessoas – hoje até o check in é possível fazer on-line, sem contato com anfitrião, fora as vantagens dos custos, especialmente se você tiver em um número maior de pessoas. Outra vantagem é que você acaba saindo dos lugares mais turísticos, então você consegue ficar em bairros locais, consegue ter uma rotina mais próxima da vida daqueles lugares, e em determinadas cidades, especialmente fora do Brasil, é muito legal ver como isso funciona. Tem até opções personalizadas, como casas temáticas, além do contato direto com o anfitrião para trocar ideias e receber dicas do lugar, de poder cozinhar e escapar de ter de comer sempre em restaurantes. Outro ponto que gosto bastante do AirBnb é que tenho a possibilidade de morar alguns dias em uma casa que talvez nunca tivesse condições se tivesse de comprá-la, de ficar em apartamentos em áreas legais, então acho que tem um pouco dessa brincadeira de experimentar novas possibilidades de morar que eu acho interessante.
TSA - Algumas dicas para escolher um imóvel de aluguel.
CS - Sempre usar os filtros do AirBnb, como escolher um lugar só pra você, condições de pagamento, se tem wi-fi,e qual a velocidade (caso de quem trabalha home office), se é possível cozinhar ali.
Verificar sempre a qualidade das fotos. Muitos AirBnb 's têm as fotos verificadas pelo próprio AirBnb, o que leva um selo de autenticidade da própria plataforma, procurar ver as fotos detalhadas de todos os cômodos, suspeitar dos locais que colocam muitas fotos da cidade e poucas fotos do imóvel.
Ler com muita atenção todos os comentários e nunca reservar locais que não tenham tido nenhuma avaliação anteriormente. Eu nunca reservo casas que não tenha tido nenhum comentário.
Ler com muita atenção todo descritivo, como o que tem na casa, quais as regras etc. Na dúvida, envie mensagem para o anfitrião, pergunta como é a questão do acesso se for casa rural, sítio etc. Perguntar se é possível receber entregas de delivery, caso esteja planejando ficar mais tempo em um lugar mais afastado.
Sobre os sócios Franklin Costa e Carol Soares
Publicitário e empreendedor com 20 anos de experiência na interseção entre marketing, inovação e indústria do entretenimento, Franklin Costa optou pela vida sem fronteiras e, em 2017, embarcou para uma vida nômade com sua sócia e esposa Carol Soares, que transformou sua carreira acadêmica (com mestrado em Antropologia do Consumo e doutorado em Biologia) em pesquisas ao redor do mundo de experiências inovadoras e criativas na Ásia, Europa e Américas. Desde então, a dupla já passou por mais de 40 países e 50 festivais, feiras e eventos que apontam tendências, comportamentos e inovações.
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Foto: Divulgação
Postado por Angela Karam no dia 26/05/2021 às 08:18