MASP expõe sua coleção completa de Renoir
Exposto pela última vez há 23 anos, conjunto de 13 obras abrange praticamente toda a carreira do artista francês
A banhista e o cão griffon – Lise à beira do Sena, 1870 Pierre-Auguste Renoir, Acervo MASP Foto: João Musa
O MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand exibe, entre os dias 28 de março e 3 de agosto, todas as obras de Pierre-Auguste Renoir (1841–1919) presentes em seu acervo. Cinco ensaios sobre o MASP — Renoir apresenta 12 pinturas e uma escultura no quinto andar do Edifício Pietro Maria Bardi. Esse conjunto de obras foi exposto pela última vez em 2002, na mostra Renoir – O pintor da vida, realizada no próprio museu.
Com curadoria de Fernando Oliva, curador, MASP, a seleção abrange praticamente toda a carreira do artista francês. Entre as pintur as está a famosa obra Rosa e azul – As meninas Cahen d’Anvers (1881), que retrata Elisabeth e Alice, filhas do banqueiro Louis Cahen d’Anvers (1837–1922), uma família pertencente à comunidade judaica do século XIX. Alice viveu até os 89 anos e morreu em Nice, em 1965. Já Elisabeth teve um destino trágico. Durante a exposição de obras do MASP realizada na Fondation Pierre Gianadda, em 1987, na Suíça, seu sobrinho Jean de Monbrison escreveu ao museu relatando que Elisabeth fora enviada para Auschwitz durante a Segunda Guerra e morreu a caminho do campo de concentração, aos 69 anos.
O período, conhecido como “obra tardia” de Renoir — influenciado por sua viagem à Itália, em 1881, que possibilitou o contato com mestres renascentistas, como Rafael e Ticiano —, é marcado por pinturas em tons pastéis, sem contornos firmes e sobreposição de cores puras. Essas características podem ser observadas em Banhista enxugando a perna direita (c. 1910) e Banhista enxugand o o braço direito (grande nu sentado) (1912). O tema das banhistas, abordado por Renoir desde o início de sua carreira — como na tela A banhista e o cão griffon – Lise à beira do Sena (1870) — tornou-se central em sua produção até sua morte em 1917.
Pierre-Auguste Renoir, Rosa e azul - As meninas Cahen d'Anvers, 1881. Acervo MASP
Além das pinturas, a exposição apresenta Vênus vitoriosa (Venus Victrix) (1916), escultura produzida no período em que o artista sofria de artrite reumatoide severa. Por conta das limitações impostas pela doença, a obra foi criada com o auxílio do jovem artista Richard Guino (1890–1973). O trabalho dialoga com a pintura O julgamento de Páris, feita por Renoir alguns anos antes, inspirada no episódio “Pomo da discórdia”, da mitologia grega.
Pierre-Auguste Renoir, Retrato da condessa de Pourtalès 1877. Acervo MASP
As obras de Renoir foram adquiridas pelo museu durante o chamado período das grandes aquisições quando, entre o final da década de 1940 e início dos anos 1950, Pietro Maria Bardi (1900–1990), diretor-fundador do MASP, incorporou ao acervo trabalhos de artistas do cânone europeu, em sua maioria italianos e franceses, o que resultou no mais importante acervo de arte europeia do hemisfério sul. A coleção de Renoir constitui o maior número de trabalhos de um único artista dentre as pinturas europeias do acervo da instituição.
DIÁLOGO COM OS CAVALETES DE CRISTAL
As pinturas de Renoir são apresentadas em suportes individuais feitos de chapas metálicas reflexivas, com um design que inclui um recorte curvo em uma das pontas. Concebidas pela arquiteta Juliana Godoy, essas estruturas foram criadas buscando um diálogo com os cavaletes de cristal de Lina Bo Bardi e com a história do MASP.
Pierre-Auguste Renoir, Menina com as espigas 1888. Acervo MASP
Os blocos de concreto dos cavaletes originais, que remetem ao modernismo, nesta expografia são substituídos por uma base com dois pés de apoio, sendo que um deles é calcado em espuma. A escolha desse material flexível propõe uma alusão ao momento contemporâneo.
A expografia usa ainda como referência as travas desenvolvidas pelo museu para fixar as obras nos cavaletes de vidro, e mantém a proposta de apresentar as legendas na parte posterior das telas, convidando o visitante a passear pelo espaço.
Renoir , Geometrias, Artes da África, Histórias do MASP e Isaac Julien: Lina Bo Bardi – um maravilhoso emaranhado integram os Cinco ensaios sobre o MASP, série de exposições pensadas a partir do acervo do museu para inaugurar o novo Edifício Pietro Maria Bardi.
Postado por Angela Karam no dia 21/03/2025 às 13:13