RIO DO RASTRO (SC) - A ESTRADA ASSOMBROSA, UMA DAS MAIS INCRÍVEIS DO MUNDO
Depois de tanto percorrer estradas da Europa, nomeadamente em Portugal, decidi que iria fazer algumas viagens de carro pelo Brasil. Afinal, um país com as dimensões, com a diversidade e riqueza natural em abundância merece ser descoberto e sentido.
Primeira vista da estrada a partir do Mirante
Depois de tanto percorrer estradas da Europa, nomeadamente em Portugal, decidi que iria fazer algumas viagens de carro pelo Brasil. Afinal, um país com as dimensões, com a diversidade e riqueza natural em abundância merece ser descoberto e sentido.
Ganhando coragem para a viagem
Conhecer novos lugares e a gastronomia regional, a cultura local, espairecer em contato com a natureza, sem obviamente abrir mão do conforto e das comodidades que a oferta turística pode e deve propiciar. Foi então que comecei a pesquisar lugares a menos de mil km da minha casa (São Paulo). Reservei a primeira semana de Julho para essa viagem com a família e decidimos o destino.
Como gosto de natureza, mais montanha do que mar, encontrei numa lista de “estradas mais incríveis do Mundo” .A escolhida foi a estrada da Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina , localizada entre as cidades de Bom Jardim da Serra e Lauro Muller, toda construída em concreto e que muito recentemente foi eleita por um jornal espanhol como a “estrada mais assombrosa do Mundo”.
Como a distância estava dentro do previsto, lá fomos nós. Resolvi entretanto estabelecer dois pernoites no caminho antes de fazer a travessia da Serra do Rio do Rastro; a primeira em Curitiba (430 km no primeiro dia) e a segunda em São Joaquim em Santa Catarina (440 km no segundo dia) passando por Araucária, Mafra e Lajes já que a opção era descer a Serra.
Não se decepcione quando não encontrar o tal do Rio do Rastro porque ele não existe. Esse nome surgiu porque na descida pelas encostas da serra, os tropeiros colocavam os animais na frente e seguiam o rastro deles como se fosse um rio, criando um caminho de terra batida que serpenteava na serra e no vale, dando origem ao traçado da estrada que hoje encanta turistas do mundo inteiro.
Depois de pernoitarmos em São Joaquim onde a temperatura chegou a -3º C durante a madrugada e a paisagem amanheceu branquinha pela geada, percorremos os 43 km até Bom Jardim da Serra , conhecida como “Capital das Águas” com suas 35 cachoeiras, 14 rios e 9 cânions. Lá também podemos encontrar várias pequenas lojas especializadas em produtos regionais ou “produtos coloniais”. Mais 11 km e lá estávamos no Mirante da Serra do Rio do Rastro, a 1460 metros de altitude, a vista é fantástica da estrada mais sinuosa e íngreme do Brasil. É nesse mirante que centenas de pessoas desconhecidas se encontram antes de seguir viagem . Muitos de carro, alguns de moto, outros de bicicleta. Uns ansiosos para a descida, outros eufóricos pela subida.
Vista antes de iniciar a descida
Vista de um dos mirantes ao longo da estrada
Pausa para café, fotos, alimentar os quatis, mais fotos. São cerca de 15 km de estrada estreita, com curvas muito fechadas, mas repleta de paisagens de tirar o fôlego e encher os olhos. Diversos mirantes possibilitam estacionar com segurança durante o trajeto para apreciar a paisagem e claro tirar muitas fotos. Apesar de pleno inverno, tivemos a sorte de merecer um dia radiante, sem neblina, sem ventos e sem gelo na pista. Calmamente conseguimos apreciar a paisagem local como os despenhadeiros e as cachoeiras, a fauna e a flora. O trânsito era intenso de carros, ônibus e caminhões, motoristas tão atônitos quanto eu em vislumbrar as belezas deste local.
A Estrada do Rio o Rastro
A estrada assombrosa
Para aqueles que querem fazer a travessia à noite, a estrada é toda iluminada com energia produzida por uma usina solar que delimita o traçado deslumbrante do seu percurso.
No posto da Polícia Rodoviária Federal, fui informado que eram raros os acidentes na estrada, aberta a partir de 1950 e pavimentada com concreto entre 1984 e 1986. O desafio da engenharia era tornar uma estrada de terra usada pelos tropeiros em uma estrada confortável e segura para carros, ônibus e caminhões à beira de um precipício. Depois de percorrer os primeiros quilômetros, a sensação de medo dá lugar à sensação de prazer de dirigir numa estrada com um dos enquadramentos mais belos do país. No final da travessia, por mais que você tenha aproveitado a paisagem, ao olhar para trás e visualizar o trajeto percorrido, fica logo a sensação de saudade e a vontade de repetir em breve.
Para quem tiver mais tempo, há várias opções de atividades na região como cavalgada, passeios de jipe, de moto, de bicicleta ou simplesmente participar nas atividades do Snow Valley Adventure Park – no Vale da Neve. São inúmeras atividades outdoor, entre elas tirolesa, arvorismo, arco ou caminhadas.
Saiba mais: www.valedaneve.com.br
No topo da Serra do Rio do Rastro
Se a sua intenção é pernoitar na Serra, a sugestão é o Rio do Rastro Eco Resort que fica no topo da Serra do Rio do Rastro, junto do mirante e faz parte dos “Roteiros de Charme” e do “Eco Hospedagem”, lembrando que o resort está longe da área urbana.
Saiba mais:www.riodorastro.com.br
Vista do Mirante da Serra
Depois de percorrer a estrada e cruzar a Serra é a hora de começar a voltar para casa e repetindo a mesma estratégia da ida. Na volta decidimos estabelecer dois pernoites no caminho. O primeiro em Brusque (390 km no terceiro dia) passando por Tubarão, Florianópolis e Nova Trento e o segundo novamente em Curitiba (370 km no quarto dia), passando por Itajaí, Joinville e Morretesonde almoçamos.
De Morretes para Curitiba, o visitante tem duas opções incríveis para chegar à capital paranaense. A primeira delas é seguir no trem Serra Verde Express, que sai de Morretes às 15:00 horas chegando em Curitiba às 18:30 hs, um passeio que está incluído na lista dos 10 passeios mais espetaculares do Mundo pois a linha férrea, tem inúmeros túneis e viadutos que avançam pela mata da Serra do Mar
Saiba mais: www.serraverdeexpress.com.br
Morretes
Estrada da Graciosa
A segunda opção é seguir até Curitiba pela Estrada da Graciosa. São 33 quilômetros calçados em paralelepípedos e repleto de curvas sinuosas e pontes evolvidas por encostas floridas, picos, montanhas, mar, riachos e cachoeiras. Para melhor apreciar o cenário encantador, há alguns poucos mirantes. A estrada foi inaugurada em 1873 e requer baixa velocidade por dois motivos: curtir o visual e evitar acidentes. Depois são mais 40 km pela BR116 até chegar à Curitiba.Em Curitiba, não deixe de visitar o Museu Oscar Niemeyer no Centro Cívico
www.museuoscarniemeyer.org.br
Museu Oscar Niemeyer
www.curitiba.pr.gov.br/idioma/portugues/linhaturismo/operapedreira
Ópera de Arame
Jardim Botânico
www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/jardim-botanico/287
Jardim Botânico
E quando a fome apertar, vá até o bairro de Santa Felicidade e escolha um dos inúmeros restaurantes. Nós escolhemos o Madalosso, inaugurado em 1963 como um restaurante familiar, que encontrou na tradição italiana um estilo único de servir e degustar. Embora tenha entrado para o livro do Guiness como o “maior restaurante das américas” o Madalosso mantém até hoje as suas origens primando pelo atendimento personalizado.
Restaurante Madalosso
www.madalosso.com.br
Imagens pelo caminho
Principais distâncias até a Serra do Rio do Rastro (SC):
Brasília (DF): 1.874 km
Curitiba (PR): 499 km
Florianópolis (SC): 212 km
Porto Alegre (RS): 365 km
São Paulo (SP): 903 km
Texto:
Paulo Machado - Colabora com matérias para o site TURISMO-SA
Email: paulomachadonet@yahoo.com.br
Fotos: Catarina Machado
Postado por Angela Karam no dia 31/07/2017 às 08:37