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TURISMO-SA - Angela Karam e Camila Karam
TURISMO E MERCADO

A segunda edição da World Travel Market Latin America começou nesta quarta-feira, dia 23 de abril, com a promessa de incrementar os negócios da indústria d





 Primeiro dia da feira é marcado pela visita de compradores convidados (hosted buyers) aos estandes de empresas expositoras


A segunda edição da World Travel Market Latin America começou nesta quarta-feira, dia 23 de abril, com a promessa de incrementar os negócios da indústria do Turismo na América Latina. Realizado em conjunto com o 41º Encontro Comercial Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), o evento, que acontece até sexta-feira, dia 25, no Transamerica Expo Center, em São Paulo, cresceu 20% em área em relação ao ano passado. “A feira vai ajudar a aumentar rapidamente a inserção da região no mercado mundial de turismo emissivo e receptivo”, disse Craig Moyes, Diretor do Portfólio de Lazer da Reed Exhibitions, na cerimônia de abertura da feira.

Em sua fala, o executivo ressaltou o fato de o Brasil em particular viver um momento excitante e peculiar, por sediar os dois principais eventos esportivos do mundo: a Copa do Mundo, este ano, e os Jogos Olímpicos, em 2016. De acordo com ele, em 2013, só o mercado de turismo receptivo movimentou US$ 200 bilhões de dólares e gerou 8,5 milhões de empregos diretos no país. “Nesse contexto, a WTM Latin America tem um papel pequeno, mas relevante. Os negócios iniciados e fechados no evento contribuirão para consolidar o Brasil como destino internacional”, disse. Tem particular importância para isso, na visão de Moyes, a parceria com a Braztoa pelo segundo ano consecutivo. “Agradeço a parceria e espero que muitos negócios sejam fechados no Encontro Comercial Braztoa durante esta edição da feira”, afirmou.

Para Lawrence Reinisch, Diretor da WTM Latin America, ao mesmo tempo em que apresenta aos brasileiros e latino-americanos novos destinos e novidades em locais turísticos já consagrados, a feira, por meio do Programa de Hosted Buyers (compradores convidados), promove também destinos brasileiros no exterior e, mais importante que isso, permite aos empresários brasileiros estabelecer contato com potenciais clientes estrangeiros. “Estamos conseguindo fazer a junção entre o turismo emissivo e o receptivo”, afirmou Reinisch.

Ainda de acordo com ele, o crescimento da classe C brasileira na última década, que diminuiu a diferença social no Brasil, foi responsável por tornar o país mais atrativo para o mundo inteiro – o que fica evidente pelos mais de 60 países presentes na WTM Latin America, extremamente interessados na região como um todo.

Neste primeiro dia de feira, os compradores convidados compareceram a reuniões previamente agendadas com empresas expositoras. No segundo dia, será a vez de receberem representantes de empresas interessadas em estabelecer contato, no chamado “speed networking”: durante uma hora e meia, cada comprador atenderá até 18 potenciais fornecedores em reuniões de cinco minutos.

O prognóstico positivo está alinhado com o momento internacional da indústria. De acordo com Márcio Favilla, Diretor Executivo da Organização Mundial de Turismo, ligada à Organização das Nações Unidas (UNWTO, na sigla em inglês), as receitas e o número de chegadas internacionais cresceram 5% em 2013, mesmo com a crise econômica em muitos países. Foram registradas 1,87 bilhões de chegadas internacionais no ano passado, o equivalente a um sétimo da população mundial – 52 milhões de chegadas a mais em relação a 2012.

A alta foi puxada principalmente pela Ásia, com destaque também para destinos do Centro e do Leste europeu e países do Mediterrâneo. A América do Sul também cresceu no segundo semestre e o ritmo se mantém em 2014. “A perspectiva é de que o turismo cresça entre 4% e 4,5% este ano no mundo e entre 3% a 3,5% nas Américas”, concluiu Favilla.

Em paralelo ao turismo internacional, o turismo doméstico mundial também registrou alta, superando a barreira de seis bilhões de chegadas em 2013. A maior parte delas, quatro bilhões, se concentrou em países populosos como China e Índia, mas o Brasil e outros mercados latino-americanos vêm ganhando espaço com a ascensão de parte crescente da população à classe média.

É um cenário positivo que pode ser reforçado, ao menos no Brasil, por iniciativas estatais. Marco Ferraz, presidente da Braztoa, lembrou dois projetos de lei já aprovados pelo Congresso e que dependem agora apenas da sanção da presidente Dilma Rousseff. Um deles permite a turistas estrangeiros a retirada de visto eletrônico e o segundo regulamenta a profissão de agente de turismo. E o Ministro do Turismo, Vinicius Lages, comprometeu-se publicamente a buscar maior interlocução com lideranças do setor para superar obstáculos com relação ao crescimento do turismo no país e transformar a atividade “em uma das melhores fronteiras para investimentos” da economia brasileira, com um planejamento de longo prazo.

De acordo com o Ministro, na agenda de negociações estão discussões sobre desoneração tributária, infraestrutura e alianças público-privadas, como as que já têm dado resultados positivos em aeroportos – como exemplo, citou a reestruturação do aeroporto de Brasília, que demorou 16 meses da assinatura do contrato de concessão até a entrega do Píer Sul, na semana passada. O diálogo, na avaliação de Lages, é fundamental ainda para que o Ministério e a iniciativa privada entendam e atendam ao novo turista brasileiro, fruto das mudanças sociais da última década.

Novas ferramentas tecnológicas, claro, tendem a ajudar. Um dos temas abordados na Travel Tech Zone, o espaço dedicado a empresas de tecnologia no evento, foi o potencial dos vídeos de viagem como ferramenta de marketing. Para o videomaker Greg Brand, especializado em turismo, os vídeos de roteiros, hotéis e resorts têm um poder de alcance incomparável graças às ferramentas de compartilhamento e redes sociais. Para Brand, como todo mundo quer compartilhar suas experiências com o máximo de pessoas possíveis, os vídeos de viagens acabam tendo um grande alcance, porque são replicados espontaneamente.

Diretor de pesquisa da PhocusWright, Luke Bujarski, diz que outro ramo do segmento com bom potencial de crescimento são as agências de viagens online, conhecidas em inglês pela sigla OTAs. Segundo ele, Brasil e México respondem por 70% do comércio online de turismo (tíquetes aéreos, hospedagem e compra de pacotes). O México tem um perfil de turismo externo e, o Brasil, turismo doméstico. A Colômbia é o terceiro mercado de interesse das OTAs.

Somente em 2012, afirmou Bujarski, durante um painel realizado pela PhocusWright na WTM Latin America, as OTAs como Decolar.com, Submarino Viagens, Booking.com, Hotel Urbano e ViajaNet movimentaram juntas R$ 5,5 bilhões. E a expectativa é de que, em 2016, alcancem R$ 8,7 bilhões, um crescimento de 17%. Em relação ao modelo offline, as vendas online alcançaram crescimento expressivo no mundo todo no último ano: 22%. O modelo offline cresceu 9%.

Desafios

Há também, evidentemente, desafios no cenário. Em painel dedicado aos desafios da indústria da aviação na América Latina, o professor Respicio Espírito Santo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembrou a diferença de poder aquisitivo e de tamanho da chamada classe média latino-americana, na comparação com a de países europeus e com os Estados Unidos; a qualidade defasada da infraestrutura aeroportuária; a falta de aeroportos secundários e terciários com tarifas mais baixas e a “equação perversa” do preço do combustível de aviação na região e, em particular, no Brasil.

“Como será para as companhias na região em 25 ou 30 anos, quando as grandes companhias do Oriente Médio realmente focarem em crescer por aqui?”, questionou o acadêmico especialista em aviação.

Ainda assim, lembraram outros participantes do painel, como Adriana Cavalcanti, diretora de vendas da Air France-KLM, e Tarcísio Gargioni, vice-presidente comercial da Avianca, a região segue bastante atrativa, a ponto de ambas as companhias investirem fortemente em parcerias, como a que a Air France tem com a Gol, e em frota, para ampliar o número de destinos cobertos, caso de ambas as empresas.

“A América Latina é um mercado estratégico para a Air France-KLM. Já voávamos 25 destinos e abrimos três novos nos últimos meses”, disse Adriana. “Vejo como maiores desafios as grandes diferenças entre os mercados. Mas, no longo prazo, as perspectivas para a região continuam a ser de crescimento acima da média mundial”, afirmou Gargioni.

Em países como o Egito, sacudido pela Primavera Árabe e, mais recentemente, pela deposição do presidente eleito após a revolução, novas eleições presidenciais e para o legislativo, marcadas para maio, trazem a expectativa de estabilização política em um dos principais destinos turísticos do mundo. “Passadas as eleições, temos planos de iniciar voos diretos para o Brasil em dois meses”, disse Nasser Hamdy, chairman da Autoridade Egípcia de Turismo.

Meet the Press

Entre as novidades da edição 2014, a WTM Latin America lançou o “Meet the Press”, onde os veículos de comunicação tiveram a oportunidade de conversar com os expositores e saber mais sobre destinos, serviços e produtos turísticos durante reuniões de 10 minutos. “Essa dinâmica é nova e achei muito interessante”, contou Rodrigo Mattjie, assessor de imprensa da Iguassu Convention & Visitors Bureau. “Falei com inúmeros jornalistas e promovi meus destinos de uma forma bem rápida”, concordou Juliana Castanho, Diretora Executiva do Floripa e Região Convention & Visitors Bureau.

Mais informações sobre o evento podem ser obtidas no site www.wtmlatinamerica.com.

Postado por
no dia 24/04/2014 às




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